A mania do discurso fácil em torno de "Tropa de Elite"

"Tropa de Elite" continua a suscitar debates acalorados. E ainda nem estreou.

Como não poderia deixar de ser tratando-se de filme brasileiro voltado para criminalidade, as críticas são acerbas e azedas. Normalmente, esta temática é atacada por setores da direita. As acusações são sempre as mesmas: apologia ao crime, criminalização à polícia, benevolência para com o bandido e por aí vai. Dessa vez é igual, porém diferente. É certa esquerda que se ouriça...

Leio no FazendoMedia um artigo de uma professora de história e um integrante do MST acusando o filme de fascista. Discursinho vagabundo de esquerda caquética. De mesmo teor foi o discurso dos conservadores de direita quando o diretor de "Tropa", José Padilha, fez o documentário "Ônibus 174". Por tentar mostrar que o criminoso Sandro, responsável juntamente com a PM pela morte de uma inocente, teve seus dias de "humanidade", o acusaram de inocentar bandido.

Não teve nada a ver. Interpretei como uma exposição dos fatos, dando voz a envolvidos e analistas da questão criminal. De novo o diretor está no olho do furacão. Artiguinhos como o citado insistem em diminuir o filme talvez por não ter sido leniente com ninguém. Podem tentar argumentar: "a mas o filme trata a Tropa de Elite como polícia incorruptível". Sim. Por outro lado deixa bem claro a natureza aceitável para nela ingressar: a assassina.

E então lança-nos a questão: seria a reação do confronto bélico única maneira de enfrentar a questão? Creio ser isso o necessário para se discutir após o filme. Não somente. Existe também a forma do discurso contraditório da classe média engajada. A obra incita indagações variadas. Logo, apelar para discursinhos de condenação fácil tais como acusá-la de fascista ou dizer malandramente que a polícia ali retrata está atrás de pobre, colocando bandido e cidadãos num mesmo saco é desonestidade.

Talvez essa esquerda decrépita esteja insatisfeita com o filme por não partir do olhar do traficante.