terça-feira, 9 de outubro de 2007

O equívoco da periferia

Uma das polêmicas dos últimos dias foi o caso envolvendo um assalto a Luciano Huck. Este recebeu um espaço na Folha de São Paulo e fez seu desabafo. No fim de semana, a Folha concedeu espaço para o rapper e "escritor" Ferréz expor seu ponto de vista. Desastroso.

Ferréz, que parece ser um cara esperto, vencedor vindo da periferia, costuma ser raso em suas exposições. Vive a defender ações criminosas, como se a condição de desfavorecido fosse suficiente para justificar crimes. Nasci e vivo na periferia, e não gosto dessas facilidades. O fenômeno é muito complexo para olhar tão superficial e, em muitos casos, odioso.

Nunca fui fã do estilo do "escritor" rapper. Lembro-me de ter lido algumas coisas suas na Caros Amigos. Sua forma de escrever, extremamente coloquial, sem preocupações com a norma culta, é algo que talvez encante a acadêmicos de miolo-mole, sempre em busca do "enfrentamento" ao sistema a qualquer custo, mas não a mim. Parece-me muito mais uma rendição às dificuldades impostas, optando por facilidades. De minha parte, mesmo não sendo escritor, aceito as dificuldades da língua pátria e tento compreendê-la a todo instante.

Voltando ao assunto da polêmica em torno do Huck - de quem também nunca fui fã, pelo contrário -, interpretei o "artigo" do Ferréz como uma ode à violência. Nada acrescentou para o entendimento do fenômeno, apenas confirmou toscamente o estado de barbárie ao qual todos estamos submetidos.

Inversamente ao rapper, Luciano deu uma entrevista na Veja desta semana e não demonstrou ressentimento. Para desespero de Ferréz e da classe abastada que porventura desejasse ouvir dele o apoio à violência do Estado como combate ao crime.

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