quarta-feira, 29 de julho de 2009

O caso da “Bolsa-Ministra”

A mais nova esquisitice envolvendo o governo vem da bolsa da ministra Dilma Rousseff. Não se trata de nenhum programa social e sim de um adorno – no caso, não é uma simples sacola – usado pela ministra, outrora defensora do socialismo – e ainda pertencente a um partido que diz lutar contra a barbárie do capitalismo.

Quem deu a notícia foi o anti-PT Reinaldo Azevedo, em seu blog. Recebeu um e-mail com a foto da ministra, curtindo com uma bolsinha da tal grife Hermes, que custa algo em torno de R$ 14 mil! Não é para qualquer companheiro.

Em seguida, o articulista diz ter recebido um telefonema da assessoria da ministra, informando que a bolsa é da grife Francesco Rogani, muito mais barata e ao alcance de quase todos os mortais.

Curioso que sou, andei dando uma olhada na internet e não achei nada da tal Francesco parecido com a bolsa da ministra. Já da Hermès...

Se a bolsa é ou não é chique, pouco importa. Curioso é ouvir o discurso de engana Mané, principalmente dos tais defensores de um novo mundo – ontem e hoje. De minha parte, ainda que tivesse uma grana dessas para gastar, nunca seria em bolsa ou penduricalhos de tal natureza.

Por último, interessante é saber que mesmo antes da notícia, um blog da Daslu informa sobre o gosto refinado da sra. Dilma. O link é este e o que segue abaixo esta escrito nele.

13.07.2009

Birkin: the Power bag...
POR ANDERSON ANTUNES
O que é que as poderosíssimas Oprah Winfrey, Martha Stewart, Kate Moss e, agora, Dilma Rousseff têm um comum? Bom, além do poder (claro!) elas são fãs da bolsa Birkin, da Hermès. Isso mesmo, a chefe da Casa Civil e provável candidata à Presidência da República em 2010 se rendeu ao charme e ao glamour da famosa marca francesa, cujos produtos são objeto de desejo de milhões de mulhares ao redor do mundo.

Dona Dilma estreou sua Birkin recentemente, em um evento em Brasília. Claro que as madames da capital federal não deixaram a Birkin da ministra passar despercebida e... Sabe como é, essas notícias correm.

Em outros tempos (e outras pessoas), diriam que a ministra se rendeu aos "prazeres do capitalismo". De qualquer forma, parabéns pelo bom gosto, dona Dilma!

Em resumo: a bolsa da ministra pode – apesar de parecer o contrário – não ser da grife Hermès. Mas que ela gosta, gosta.

Ai que endurecer, mas sem bolsa de elite jamais!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Falta vergonha. Sobra canalhice.

Inevitável não tecer ao menos breve comentário sobre os últimos acontecimentos políticos desse nosso Brasil – vulgo Bananão. Para não variar, nada lisonjeio. Nossos representantes, em qualquer esfera, não nos permitem outra perspectiva.

A bola da vez é o jurássico senador José Sarney. O presidente do senado anda atolado em denúncias e acusações. A mais nova é sobre um favorecimento em família de seu filho Fernando Sarney ao namorado de sua filha Maria Beatriz Sarney. Ou seja: nada de novo. A sem-vergonhice envolvendo os oligarcas deste país é de hoje e sempre.

O diferencial é que agora as notícias são liquefeitas e penetram nos mais longínquos grotões. E só. A grande massa continua letárgica e sem muita vontade de lutar contra isso. Dá trabalho.
Curioso mesmo é ver as reações da situação e oposição. São ótimas. O presidente Lula, conforme apontei dias atrás, permanece cheio de cuidados com o seu Sarneyzinho – algo impensável há alguns anos. Seus puxa-sacos, tipo o blogueiro Eduardo Guimarães, acham que é uma simples artimanha da imprensa para afetar o presidente. E até defendem o amor político de Lula a Sarney, algo que somente a política pode proporcionar.

De outro lado, vemos manifestações indignadas de gente cansada de se locupletar graças ao Estado. Por exemplo, o senador Arthur Virgílio, um dos hipócritas mor da oposição, sempre deseja posar de defensor da ética e justiça em prol do país. É o mesmo que admitiu, numa reportagem em 2002, ter feito caixa 2 e que isso seria inevitável na política brasileira, para em 2005 criticar fala idêntica do presidente Lula, à época da crise do mensalão.

Atualmente, o bravo senador não perde tempo quando surge a possibilidade de crise no governo: sobe à tribuna do Senado para bravatear – lembra alguém que tanto critica. Na crise sarneyana, apresentou denúncia no Conselho de Ética. Flerta com algo – a ética – com o qual nunca foi afeito, como ficamos sabendo no caso em que manteve funcionário fantasma em seu gabinete e outras coisas mais.

Pois é. Isto é somente um rascunho do teatro tragicômico da realidade política no Brasil. Na verdade, esboço de apenas mais um capítulo. Teremos muitos outros, com uma plateia tépida garantindo o sucesso do espetáculo canalhesco.

terça-feira, 14 de julho de 2009

"Eu estou esperando pelo meu homem"

Não posso deixar de registrar esse momento. Aos desavisados, não se trata de nenhuma confissão de preferências sexuais. Aos antenados, também não estou valendo-me do título da clássica canção do Velvet Underground, "I'm the wait for the man", para tecer loas a um fornecedor de drogas ilícitas. Não são minha praia; me entorpeço com destilados e só. Apenas me valho de ontem ter sido o dia mundial do rock, para hoje dedicar-me a algumas palavras sobre mais um momento ímpar em minha vida.

Na última quinta-feira, 09.07, fui descobrir o sexo do nosso anjo, meu filho. Bem, redundante agora dizer que é um novo homem no planeta. Garotão que se mostra saudável até o momento – e assim torcemos que seja por toda a vida!

A sensação é maravilhosa, ainda mais que o desejo, não tão oculto, era esse mesmo: o primeiro filho, um homem. Agora é trabalhar e viver para essa divina criatura, até que esteja preparado para a selva urbana. Amor não faltará como energia.

O amor por essa figurinha cresce à medida que ele busca espaço no ventre de sua mãe, mulher e parceira, que me concedeu tão divino presente.

Cresça e apareça filho!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

“Eu quero é rock, menino! Isso não é rock, não!”

O tempo é curto, mas não poderia deixar de falar rapidamente dele: o bom e velho rock and roll, que é comemorado no dia de hoje. Com quase sessenta anos, ainda faz a cabeça de grande parte da humanidade.

Talvez não tenha aquela rebeldia de outrora, mas continua firme e forte. Entre contradições e polêmicas, o rock vive, se relaciona com outros gêneros e se reinventa. A própria frase em epígrafe, representa isso: faz parte da introdução do primeiro sucesso dos saudosos Raimundos, que em meados dos anos 90 do século passado – claro... – colocaram o cenário da música nacional de cabeça para baixo, fazendo um híbrido impagável entre punk hardcore e forró. A música é “Puteiro em João Pessoa”.

Nos dias que passam, o rock parece estar naquela fase domesticada e sem muitas novidades para as massas. Coisas boas e originais devem estar pelo underground, esperando para o ataque. Será que consegue nesses tempos liquefeitos, de difusão da informação à velocidade da luz?

Não sei. Mas ele permanece vivo, pronto para confundir, confrontar, debochar e divertir. Parabéns a esse eterno rebelde, o rock and roll!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Eduardo Guimarães, o caudatário

Bem, já do lado “progreçista” da força, temos essa figuraça que atende pelo nome de Eduardo Guimarães, o homem do megafone. O interesse deste é “desmascarar” a mídia golpista, conforme um termo caro ao cidadão. Guimarães ama o governo Lula. Isso é fato.

Nessa semana, o cara indignou-se com os jornalões por não terem noticiado – com foguetório – uma viagem de seu guru para Paris, onde ganharia um prêmio de suma importância para o Universo! Quer dizer, primeiro escreveu isso, para logo em seguida “anunciar” o furo da Globo ao noticiar o que ele gostaria de ler. Neste post, ele ainda acrescentou um PS para informar que seu escrito dizia respeito apenas à grande mídia, excluindo a imprensa alternativa. Em verdade, ele fez isso após um leitor comentar que nem os ditos alternativos divulgaram sobre o mais novo colossal feito de seu guru.

Porém, talvez os jornais da mídia golpista, segundo o homem do megafone, tenham lido sua “denúncia” e, temendo um contragolpe, resolveram explicar direitinho o motivo da viagem do presidente Lula a Paris.

A propósito, esse sr. Guimarães está do lado daqueles que acusam os acontecimentos em Honduras de golpe. Muito bem explicado: do lado, mas não ao lado. Eu entendo aquilo como golpe, mas não gostaria de ter falsos democratas ao meu lado, compartilhando de minha opinião. E o homem do megafone é um desses farisaicos travestidos de amantes da liberdade. Ele gosta é da democracia chavista (sic).

É bom lembrar que o único motivo de eu não reconhecer o governo golpista de Honduras, foi por ter apelado à força militar retirando o presidente bigodudo chavista de lá, mais por uma contenda claramente política, do que por zelo constitucional. Julgaram improcedente sua tara plebiscitária por um novo mandato presidencial – algo que feria a constituição do país – e mandaram os militares entrar em ação. Bem ao estilo autoritário do nosso continente no século XX.

Reinaldo Azevedo, o conservador

Pois é. Para alguém como eu, ser leitor de Reinaldo Azevedo é assim: um dia aplausos; outro vaia.


Reinaldo, no seu exercício de conservadorismo regular, agora resolveu chamar Barack Obama de Barack Hussein. Segundo o próprio, dá tudo na mesma, afinal é o nome do homem.


Claro. O articulista ironiza. Ele opta por Hussein pelo motivo de Obama não ser conservador e fazer, segundo ele, muitas concessões aos esquerdistas cabeças de vento do nosso continente. Sem contar o quanto esse sobrenome remete a origem de um povo não muito fã dos norte-americanos. Reinaldo crê no estilo de política do Big Stick. Ou seja: são os EUA que tem de resolver os problemas do continente americano – quando não do mundo!


No caso de Honduras, Reinaldo continua achando válido militares intervindo na primeira oportunidade para retirar presidentes aventureiros do poder. Se fosse caso semelhante na Colômbia, com “defensores” da liberdade expulsando Uribe do poder via força militar, veríamos Azevedo com o mesmo entusiasmo, defendendo esquerdistas “democráticos”?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Reinaldo Azevedo é Pop

Ele é conservador e da ala à direita, apesar de não aceitar muito bem tais rótulos. Vai ver, por resquícios trotskistas que ainda habitam o fundo escuro de sua alma. Mas quem não tem seus fantasmas?

Eu, mesmo não concordando com a maior parte do pensamento de Reinaldo, nunca deixei de reconhecer seu talento explosivo para a escrita e a polêmica intelectual. Em tempos passados, no dias de Primeira Leitura para ser mais exato, cheguei a trocar e-mails com ele – extremamente cordiais, apesar das divergências gritantes.


No caso do golpe em Honduras, sou contrário ao apego constitucionalista e cego de Reinaldo. Já assistimos o enredo inúmeras vezes na América Latina e somente um embotamento por conta da ideologia para defender um golpe em prevenção a outro golpe. Em 1964 no Bananão foi assim. Numa democracia, o uso da força militar somente quando esvaziadas todas as outras possibilidades. Não pareceu ser o caso de Honduras.

Ainda que o presidente Manuel Zelaya seja mais um “democrata” voltado para a escola chavista de política, convocar militares para destituir líderes eleitos na oportunidade que for conveniente, não é democrático. No blog do Pedro Dória ele explica isso de forma objetiva e precisa. Para mim, Azevedo somente embarcou nessa de democracia de farda por pura teimosia característica de apego ideológico.

Mas não é esse o foco deste post. Interessa-me é o Reinaldo desgarrado – não totalmente – de suas ideologias e capaz de produzir textos profundos como este abaixo. Lendo e refletindo cada parágrafo, podemos ver a nós mesmos.

É sobre Michael Jackson, tendo Farrah Fawcett como coadjuvante. Porém, diz muito de todos nós. O link para o texto em sua fonte é este.

As Parcas

Perguntam-me se não vou escrever nada sobre a morte de Michael Jackson. Música pop não é exatamente a praia em que ando com mais desenvoltura. Até onde acompanhava, esse rapaz teve a sua fase de ouro. Era, no gênero, talentoso, criativo, ousado. Mas é possível que tenha se deixado trair pelo mais perigoso de todos os demônios da legião que nos tenta todas as horas do dia: aquele que nos sopra aos ouvidos que nossas qualidades derivam de nossos defeitos; sem estes, não teríamos aquelas. É uma das farsas grotescas do diabo. Os defeitos, é claro, são só o que nos atrapalha.

A partir de um momento de sua trajetória, Jackson parecia mais livre do que todos nós, a tal ponto que resolveu recriar a própria imagem. Pensem um pouco. É o espelho que, no dia a dia, recolhe os nossos cacos e os cola numa inteireza: “Este é você”, ele nos diz. Olhando-nos, podemos ver a nossa própria consciência, as dores que só nos conhecemos, os medos que não confessamos. Está tudo lá. Diante de nossa própria figura, na solidão, o coração pode, então, como num soneto antigo, estampar-se no rosto. Não há plástica ou cosmética que possam nos livrar de nós mesmos.

Refugiado em Neverland, Jackson quis ser “Outro”, dissociando o que ele realmente era daquele que ele via. O que o espelho nos mostra de mais importante não são, pois, nossas rugas, nossos cabelos brancos, nossos quilos a mais ou a menos. Dia após dia, ele resume a nossa vida. Vemos, parafraseando Drummond, o queixo de nosso pai no nosso queixo; marcas da família desenhando nossa idade madura e nos acenando com a velhice — vislumbramos o nosso queixo no queixo de nossos filhos: sobreviveremos. Justificamo-nos, enfim, diante dele, tentando, à saída, uma última conciliação: quem sabe ele nos perdoe e nos diga um “Siga adiante”. E ele costuma dizer. E só por isso tocamos o barco.

Como era com Jackson? Pouco importa a causa imediata de sua morte, o que se viu foi um dos suicídios mais lentos do showbiz, área em que ou se desaparece muito cedo, como a evocar a máxima de que “morre cedo o que os deuses amam”, ou se entra em decadência, com o esquecimento e a irrelevância cortejando a estrela. Ele ainda tentava mudar a escrita do destino, buscando um renascimento com shows na Inglaterra. Não houve tempo. Os deuses roubam quando dão. E o mais perverso de todos os novos deuses olímpicos é a fama. Jackson foi eliminando progressivamente a memória de si mesmo, ficando sem passado. E, à medida que mergulhava sabe-se lá em que doença do espírito, tinha menos o que dizer para o futuro. O garoto genial (para o gênero ao menos) de Thriller era uma carcaça. Jackson, morto em vida, estava oco de si mesmo. Aquele do espelho não era ele, mas também não era ninguém. De fato, havia morrido fazia tempo. Seu sofrimento não deve ter sido pequeno.

Algo em nós se perde quando se vão os ídolos de uma época, ainda que não nos dissessem grande coisa. Farrah Fawcett — convenham: era a única “Pantera” com a qual realmente nos importávamos, ao menos os garotos — também morreu nesta quinta. A figura, antes exuberante, lutava contra um câncer e estava afastada do mundo das celebridades. Por que de algum modo isso nos comove ou, ao menos nos constrange, trazendo-nos desconforto?

Porque eram do nosso tempo, e sabemos que as três Parcas que zelaram pelo destino deles também zelam pelo nosso. Não param de fiar. Dia e noite. Noite e dia. Lá está Cloto, fazendo girar o fio do destino dos homens, cuidando de uma roca que desce do céu. Com as vestes semeadas de estrelas, Láquesis põe o fio no fuso, até que chega Átropos, com sua vestimenta negra, e pimba! Corta-o. Inapelavelmente. Alguns intérpretes da Mitologia Grega as querem filhas da Necessidade e do Destino. E têm a idade da Noite, do Céu e da Terra. Para sempre.

Criamos muita desgraça, mas também muita beleza tentando, inutilmente, dar um truque nas Parcas. Mas elas nos acham. Nesta quinta, Átropos se encarregou de Michael Jackson e Farrah Fawcett. Um dia achará o nosso fio.

Powered By Blogger