segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Falsos democratas, falsos humanistas (II)

Retorno ao assunto do comportamento quase religioso de grande parte da esquerda, tendo por base alguns escritos do site http://www.fazendomedia.com/, de autoria da professora Adriana Facina. Em seu artigo tratando de “Tropa de Elite”, ela continua a taxar a obra de fascista. Como já comentei sobre o aspecto da crítica não somente dela, como de Marcelo Salles, outro articulista do site, meu mote volta-se para outra perspectiva, envolvendo agora a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, Cecília Coimbra.

Cecília é uma pessoa ligada à luta pelos direitos humanos e foi citada por Facina no referido artigo. Cobrar posturas humanistas do Estado e denunciar seus abusos será algo sempre urgente, com o qual concordo. O que não posso aceitar é a incoerência em certos discursos.

A presidente do Tortura Nunca Mais foi militante comunista nos anos de chumbo,sendo presa e torturada por representantes do Estado na ditadura militar brasileira. No entanto, isso não lhe outorga o direito de criminalizar uns e santificar ou omitir-se sobre outros. As coisas iniciam-se fora de ordem quando Cecília diz ter feito parte de um grupo de resistência ao militares no poder, tentando levar quem a lê ou escuta ao engano. Tanto ela como vários outros militantes dos anos de chumbo lutavam contra a ditadura militar, desejando a instalação de sua própria, a socialista. Não lutavam pela democracia, isso é fato. Nunca li em suas entrevistas, o seu reconhecimento a tal aspecto. Pelo contrário. Ainda insiste na instalação do socialismo.

Logo, quando vejo a professora defendendo incondicionalmente Cecília Coimbra, dizendo que esta sempre esteve ao lado dos oprimidos, da vida humana, vejo o quanto é falso o discurso dessa esquerda representada por elas. Quantas vezes vozes como a de Adriana ou de Cecília levantaram-se contra as ditaduras nada humanistas de Fidel Castro ou Kim Jong Il? Quando admitiram a violência dos regimes socialistas contra cidadãos contrários? Nunca, pois em nome da idéia que defendem, tudo é válido. Mesmo aquilo que denunciam hoje, sob um regime contrário aos seus ideais. É assim o funcionamento de uma mente guiada cegamente por uma ideologia radical e falsamente humanista.

Facina, quando a revista Veja traçou recentemente um perfil sanguinário de Che Guevara, escreveu contra. Ainda que pese o formato por vezes sensacionalista de Veja ao retratar certos fatos, a historiadora não teve coragem de admitir o caráter violento e equivocado de Guevara na Revolução Cubana. Preferiu ser leniente, afinal foi tudo pela causa.

Talvez, gente como Facina e Cecília não percebam o quanto aproximam-se de seus antagonistas. Da mesma forma, justificando algo maior, a ditadura militar alcançou o poder. E muita gente, comum ou destacada socialmente, até hoje a defende. Bush, apelando ao “sistema cabeça-de-cuco de pensamento”, foi para a guerra ao terror dizendo que quem não o apoiava estava ao lado do terror.

Advogar pela vida exige estar além de ideologias. É preciso livrar-se de seus grilhões.

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