segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Quem “matou” Ryan Gracie?

O mundo das lutas foi surpreendido por duas notícias chocantes no último fim de semana. Primeiro, na noite de sexta-feira, os noticiários mostravam a prisão do lutador Ryan Gracie, membro da tradicional família Gracie, a responsável pelo aperfeiçoamento do jiu-jitsu japonês e divulgadora do eficiente jiu-jitsu brasileiro pelo mundo.
Ryan foi detido após uma série de ações criminosas e confusas: saiu em disparada de seu prédio de bermuda, camiseta e munido de uma faca, rendeu um senhor e acabou por tomar seu carro. Ao assumir a direção, chocou-se contra um banco de cimento numa calçada. Tentou apoderar-se de outro carro. Diante de um insucesso, voltou-se para um motoboy, que resistiu. Outros motoboys, presenciando o ato, aproximaram-se do companheiro e atacaram o lutador. Cercado por mais de duas dúzias de motoqueiros e sob uma saraivada de socos, pontapés e "capacetadas", Ryan foi controlado até a chegada das autoridades.
O Gracie foi levado para delegacia e autuado por roubo e tentativa de roubo. Segundo autoridades que o ouviram, ele alegava estar sendo perseguido. No início da madrugada, Ryan foi levado para ser submetido a exames toxicológicos, retornando para outra delegacia horas depois. Nessa mesma madrugada, recebeu a visita de um psiquiatra, que ora dizem ser médico da família, ora dizem ter sido chamado pela irmã do lutador, ora dizem não saber quem o chamou. Fato é que o médico consultou Ryan Gracie na carceragem e ministrou um "coquetel" de tranqüilizantes, antipsicóticos e medicamento contra hipertensão. Na manhã seguinte, o lutador de jiu-jitsu amanheceu morto.
O tal médico também anunciou à imprensa no sábado o resultado de um exame toxicológico, no qual foi detectado ao menos três tipos de substâncias ilícitas usadas por Ryan: maconha, cocaína e crack. O caso promete ser explosivo, afinal o resultado que demonstrará a causa da morte do lutador sai apenas em duas semanas.
Ryan Gracie sempre foi o modelo de lutador problema. Durante a sua curta e perturbada existência, esteve envolvido nas mais diversas confusões. Quando não estava atracando-se com outros lutadores fora do tatame – envolveu-se em brigas de rua "clássicas" contra o paulistano Macaco e com Wallid Ismail, outro brasileiro famoso no mundo das lutas –, promovia quebra-quebra em boates. Numa dessas confusões ficou detido alguns dias por ter sido acusado de esfaquear um outro rapaz, sem conseqüências drásticas. Para
Segundo alguns depoimentos de amigos e familiares, Ryan via tendo problemas psicológicos e sofrendo crises de pânico. Uma destas aconteceu teria ocorrido na última sexta-feira, resultando em sua prisão.
Particularmente, nunca fui muito fã de Ryan Gracie. Sempre considerei seu irmão, Renzo, e seus primos Royler e Royce, os grandes expoentes do chamado vale-tudo moderno. Foram para a "guerra" contra grandes lutadores que já conheciam a eficiência do jiu-jitsu. Já Ryan, lutou contra japoneses, vencendo a maioria. De todos estes adversários, apenas Kazushi Sakuraba foi realmente o seu grande opositor de gabarito, de quem o Gracie perdeu por pontos.
Lamento a morte de Ryan. Com todos os seus pecados, entendo que ele deveria estar vivo para pagar por seus erros e, quem sabe, rever a sua vida. Não sei como a família o tratava em seu dia-a-dia. Agora, com esse final trágico, fica a especulação: poderia ter sido evitado? Sua família atentou para o seu comportamento impulsivo como deveria? Ou achou tratar-se apenas de mais um gênio de pavio curto simplesmente? O Gracie buscou ajuda?
Muitas são as questões. A sensação para fãs e praticantes do mundo da luta, a meu ver, é que Ryan Gracie perdeu uma batalha pessoal. É necessário saber quem foi seu algoz.



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