terça-feira, 4 de setembro de 2007

O 3º congresso petista: a persistência da utopia e vaias

Aconteceu no último fim de semana o 3º congresso nacional do PT. Trataram assuntos variados.
 
Discutiram sobre a ética e Lula, a Majestade Barbuda dos crentes seculares, foi logo mandando que não existe nenhum partido mais probo do que o PT. Os fiéis entraram em catarse, a oposição se arrepiou à distância e eu dei gargalhadas dessa piada de humor negro.
 
Igualmente foi colocado em debate a relação do partido com o socialismo. O sonho - ou seria pesadelo? - continua, apesar da ressaca nos anos 90, após sete décadas de experiência mundial fracassada com o socialismo. Muitos insistem em dizer o quanto aqueles regimes ditatoriais não foram socialistas, mas não largam as cartilhas vetustas onde repousa a essência do pensamento incrustado na cabeça da maioria dos esquerdistas - e petistas.
 
Persistem em uma tolice na qual o poder, após tomado de forças reacionárias, cairia nas mãos de um salvador, um messias secular - ou mesmo um grupo - e assim, inchando o Estado, estaríamos todos a salvo. Miseravelmente iguais. Claro, todos pobretões à exceção do GGO - Grande Guia dos Otários - e os sabujos e fanáticos que o circundam. Assim viveríamos o reino dos céus aqui na terra.
 
Ah, poderiam dizer, mas não é esse o socialismo pelo qual lutamos. Como não? Afinal, os entusiastas dessa utopia são incapazes de rever os erros de outrora. Se querem democratas, mas fogem como satã da cruz quando têm de tecer alguma crítica a regimes ditatoriais como o de Fidel ou autoritário como o de Chavez, preferindo encômios datados. Vendem o engodo de que a democracia sem socialismo não existe e o oposto também. Falsificam a história e as próprias bases de seu pensamento.
 
Marx cometeu a sandice de arvorar uma hipótese de libertação passando por um jugo ditatorial proletário. Bakunin, anarquista que nada tinha de visionário, foi apenas no cerne da questão secamente: de nada adiantaria colocar a classe proletária, dita consciente, para tomar conta do Estado. Ao sentir o gosto do poder, não resistiriam em locupletarem-se das benesses dele.
 
Outros assuntos foram externados pelas várias tendências petistas, sempre sonhando com um Estado como salvador de nossas almas contra a perdição do capitalismo.
 
No entanto, um fato que muito me chamou a atenção surgiu durante um debate sobre o aborto. Após uma exposição um tanto acerba da deputada federal capixaba Iriny Lopes, favorável ao aborto, dando um certo chega para lá nas hostes "conservadoras" do PT, veio a dançarina do mensalão, ex-deputada Angela Guadagnin, de São Paulo. Tentando defender a ala contrário ao aborto dentro do partido, a sra. Angela tomou foi é vaia. Ela insistiu, porém ganhou foi as costas de um grupo e mais vaias, o que a levou a abandonar o local.
 
Pois é. Tal é a democracia dos petistas: incapazes de ouvirem mesmo as vozes dissonantes entre eles.
 

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