Estou relutando em registrar minhas impressões sobre os últimos acontecimentos políticos envolvendo o governo Lula. Pretendo analisar um bom material para construir uma opinião abrangente, incluindo Lula, petismo, oposição, mídia e – eles, sempre eles – a atuação dos intelectuais em meio ao furacão. Devido ao tempo, ainda não pude realizar as coisas como desejo.
No entanto, isso não me é empecilho para comentar eventualmente sobre certos aspectos das ações políticas do governo lulista, mais efetivamente do próprio Lula.
Dias atrás, o sr. Presidente foi a Cuiabá e Campo Grande e irritou-se com as vaias de pequenos grupos. Segundo ele, tal ação seria irresponsável já que "com a democracia não se brinca". Ora, Lula é um poço de contradição.
Nas últimas duas décadas, o que mais fez o doutor Lula então foi brincar com a democracia. O jornal O Estado de São Paulo, fez um brevíssimo levantamento de algumas atitudes capitaneadas por Lula contra os governos de Sarney – hoje aliado –, Collor – quase aliado atualmente – , Itamar – aliado em noites de lua cheia – e FHC – adversário até que seja conveniente tê-lo do lado.
Pois é, não faltavam adjetivos como "grileiro" ou "ladrão" para Sarney – lembram-se de um vídeo divulgado até sair do ar por motivo de força maior, nas últimas eleições presidenciais? Itamar foi taxado de imbecil. Quanto a FHC quantos não foram os pedidos de impeachment, passeatas e tentativas de CPIs quase mensalmente? Agora vem o sr. Lula voltar a fazer bravata – sua especialidade – por estar sendo vaiado ou setores da classe média ir para rua fazer o que ele viveu fazendo contra governos passados?
Engraçado é que quando Lula é vaiado no Fórum Social Mundial ou em congresso da CUT, as vaias são democráticas. Se saírem dos antagonistas ideológicos, é golpe. Os crentes laicos se agitam e entoam o coro: golpe da elite branca – termo este, por ironia – cunhado por um dito direitista, Cláudio Lembo. Até quando nossa esquerda viverá nesse limbo do pensamento?
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