terça-feira, 26 de junho de 2007

Sintomas de uma era irrelevante?

Li no blog de cristaldo, um artigo enfezado sobre uma matéria na VEJA desta semana acerca da tara de alguns milionários em ostentar bolsas de grife que valem entre 37.000 e 80.000 reais, podendo chegar a 285.000 reais se adornadas com diamantes sobre couro de crocodilo.
Fui à biblioteca do meu trabalho pegar a revista e verificar o motivo de tanta inconformação do blogueiro. Realmente o cara tinha razão: para satisfazer os desejos infindáveis de ricos alienados, existe uma produção restrita de bolsas femininas a preços estratosféricos.
Na explicação para o lançamento no mercado de peças que, de tão exclusivas, produzem-se somente algumas parcas dezenas, está o desejo da restrição: mesmo peças luxuosas tendem a popularizar-se entre os ricos a ponto de se perder o encanto de usar algo que, muito provavelmente, um grupo de peruas usará na próxima reunião da high society. Logo, é preciso satisfazer a ânsia de ostensão exclusiva, mesmo sendo necessário pagar 10, 20 ou 30 vezes mais por uma bolsa.
Sinceramente, é algo intrigante. Não se trata de mero despeito dos ricos, não. Apenas é desolador saber o quanto a vaidade humana pode levar as pessoas a atos tão medíocres quanto a pretensão de demonstrar o que se é, pelo que se tem. Gastar tanto dinheiro em um artefato fútil para impressionar seus semelhantes mentecaptos apenas, não parece ser lá muito inteligente.
Seria a utilidade da futilidade, a explicação mais plausível para tal comportamento, dentro da ótica liberal. No entanto, pode ser sintoma de uma era de descartabilidade, onde o valor das relações interpessoais passa pelo objeto em poder do indivíduo - um fetiche...
O velho Marx pode ter errado muita coisa, mas sua crítica a certos hábitos bizarros do capitalismo continua atual

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