segunda-feira, 25 de junho de 2007

Quando a classe social não faz o bandido

Nunca abracei a tese de que a pobreza e a miséria são fatores decisivos para a formação de criminosos. Nasci e vivo na periferia, onde testemunhei - e testemunho - a perda de muitas vidas, inclusive de colegas da infância envolvidos com o mundo marginal. Mesmo alguns com uma vida até confortável e uma vida familiar equilibrada ante a média da periferia, optaram pelo envolvimento com as atividades ilícitas. Talvez por ver naquilo uma aventura ou simplesmente pela necessidade de integrar-se a certos grupos.
Porém, igualmente vejo a todo instante muita gente em situações difíceis, às vezes quase calamitosas, que não se entrega. Não abre mão de seu único tesouro em meio à pobreza: a dignidade - em vários momentos tão distante para alguns, mas nunca ignorada.
Em Ciências Sociais essa é uma questão ignorada por uma boa parcela dos cientistas, afeitos unicamente à tese de que o ambiente faz o indivíduo, ignorando fatores de ordens psicológicas ou o desejo entranhado na alma humano. Sendo assim, o ambiente mostra-se como um dos elementos na construção da preferência pelo crime; nunca o único ou principal.
Faço esta introdução pois acho imprescindível para o assunto que vou tratar: a violência de jovens de classe média alta no último sábado contra uma empregada doméstica parada num ponto de ônibus, no Rio de Janeiro. É preciso ter muito estômago para ouvir uma história dessas.
Sirley Dias de Carvalho Pinto, 32 anos, aguardava um ônibus para voltar para casa, quando um carro com cinco jovens retornando de uma festa, parou próximo a ela. Passaram a insultá-la e não satisfeitos, a espancaram e até roubaram seu celular!
Graças a um taxista que passava no momento e ao testemunhar a violência, tomou nota da placa do carro dos facínoras, foi possível para Sirley identificar a corja. Dos cinco, apenas três foram detidos. Os outros dois criminosos fugiram quando souberam que seus amigos estavam sendo presos por causa da ação covarde.
Conforme informações da polícia, os canalhas acreditavam estar espancando uma prostituta - como se isso fosse atenuante para a atitude - e em seus relatos, mostravam-se tranqüilos e sorridentes pois o Rio seria a cidade da impunidade.
Ora, vejam a que patamar chegamos. Jovens com acesso a informação, educação e regalias, envergonhando nossos antepassados primatas - tenho certeza que eles, mesmo sem a noção de piedade, crueldade e respeito que nós temos, não seriam capazes de ato equivalente. São marginais com desvio de conduta, incapazes de ter respeito pelo semelhante. Afinal, alguém que justifica o espancamento de outro apenas por julgá-lo doentiamente em uma condição inferior, não merece tratamento visando compreensão. Deve é ficar na cadeia, refletindo sobre suas ações perante os outros. Sem concessões!
E entre os marginais odiosos, existe um que cursa... direito! Qual será o conceito de ética de um sujeito desses? Ah, sem mais...
Quer dizer, mais uma última. Os nomes dos celerados abaixo.

Felipe de Macedo Nery Neto, 20 anos, Júlio Junqueira, 20 anos (o estudante de Direito), Leonardo Andrade, 20 anos, todos detidos. E Rodrigo Bassalo e Rubens Arruda foragidos desde a madrugada de domingo.

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