domingo, 1 de novembro de 2009

Dias de luta

Sempre tive aversão a hospitais. Por mais que ali se lute pela vida, a atmosfera é densa, pesada. Ver o sofrimento alheio, mesmo que não seja dos nossos, me angustia. Sinto uma impotência indescritível ante um semelhante tendo sua vida tragada, enquanto outros semelhantes combatem para mantê-la.

Mas quisera a vida que eu fosse um dos protagonistas de mais um dos incontáveis dramas da vida justamente no nascimento do meu primeiro filho. É cansativo e duro ter que passar o dia inteiro numa UTI infantil, acompanhando o sofrimento não só do nosso bebê, bem com de outros e seus familiares.

Ontem, Tayler apresentou um quadro estável, apesar de uma infecção oportunista e esperada devido à formação incompleta de seus pequenos pulmões. Vê-lo respirar sem aparelhos, já é um alento. Mas ainda vê-se uma dificuldade para ato tão natural.

Dentro de horas voltarei ao seu campo de batalha – na verdade, nosso campo. Enquanto não chegamos, a mente nos enlouquece com o exercício infinito das possibilidades – nem sempre alvissareiras. O pensamento não sai daquela sala repleta de gente disposta a viver custe o que custar. Pessoinhas lutando como bravos guerreiros por suas vidas, conforme as possibilidades oferecidas pela natureza nesse momento. Pois não há medicina capaz de milagre se a estrutura da molecada não responder e/ou suportar os procedimentos.

Torço por Tayler. Torço por seus companheirinhos nessa luta inglória. A vontade de viver de todos eles é o que nos anima e nos faz pensar que se preciso for descer ao inferno para vermos a luz, o faremos.

O amor nos incita às batalhas, independente de suas dimensões.

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