sexta-feira, 24 de abril de 2009

Aproximadamente 9 semanas e sobre o aborto

Ontem acompanhei minha esposa numa ultra-sonografia. Fomos ver como está o nosso bebê. Sempre vi pela tevê reportagens e programas envolvendo gravidez, mas nada se compara em estar frente à imagem da criança no útero, gerada por nós mesmos. Uma atmosfera mágica toma conta do consultório. Ver aquele pequenino ser em desenvolvimento não tem preço.


A médica nos mostrava as dimensões daquele projeto de gente – extremamente pequenas, 2 cm, dado o tempo de gestação – e explicava-nos como as coisas estavam dentro da normalidade. Quando ela colocou o coração pulsante daquela pessoazinha para escutarmos, me vi maravilhado e pensando: o que leva um ser humano a descartar o dom de gerar a vida? Pensava no aborto e talvez numa nova perspectiva pessoal para o assunto.


Defendo o direito do indivíduo de agir conforme suas convicções. As pessoas devem poder exercer seus atos sem que outros lhe digam ou não se devem realizá-los. Igualmente devem estar cônscias das implicações advindas deles.


Contudo, critérios devem existir. Em nossa sociedade matar é proibido. Quem não obedece tal lei é preso. Mas se provar tiver agido em legítima defesa, a pena não poderá ser aplicada.

Hoje as mulheres são protegidas legalmente e podem apelar ao aborto em caso de estupro ou numa gravidez onde a mãe pode ter a vida exposta ao risco de morte. Algumas pessoas querem ir além. Desejam o aborto legalizado irrestritamente, contemplando a gravidez indesejada. É preciso pensar sobre as escolhas.


Por um lado é algo estarrecedor saber da existência de abortos feitos clandestinamente e expondo pessoas sem nenhum preparo físico, psicológico ou social à possibilidade de problemas futuros, além de apelarem a expedientes nada ortodoxos, ditados – ou realizados – por indivíduos ou sem escrúpulo algum ou sem capacidade para realizar o procedimento.


Uma outra perspectiva trata da questão moral e religiosa que envolve o ato. Uma mulher tem direito sobre uma vida apenas pelo fato de gerá-la em seu ventre? Pode agir irresponsavelmente antes da concepção de uma vida e continuar agindo assim, optando por extirpá-la quando e como bem entender? Mesmo em caso de violência ou risco de morte, a mulher pode estar acima de Deus e escolher a morte ou a vida de outro indivíduo?


Existem muitas abordagens para tratar do assunto. Social, religiosa, legal ou filosófica, as perspectivas vão de um pólo ao outro. E cada um luta por aquela na qual acredita. Eu tinha dúvidas quanto ao aborto irrestrito ou não. Aquela criaturinha no ventre de minha esposa, com o coração batendo na velocidade de uma bateria de banda hardcore, me fez repensar minha opinião.


Definitivamente, o aborto não deve ser tratado e encarado como crime. Se uma mulher decide ou não interromper a vida que traz dentro de si, deve poder fazê-lo sem sofrer as penas da lei. Contudo, penso que deve ser pensado como uma questão filosófico-moral profunda, para além da religiosidade ou legalidade. Deveria ser trabalhada nas mais diversas esferas da sociedade, não evocando o temor divino, e sim o aspecto mais importante: o da consciência individual.


Creio que até o 5º mês de gestação não temos um ser humano em sua acepção total. Uma criança que venha à luz com essa idade, não sobreviverá, não está "biologicamente" preparada para ser uma pessoa. De um ponto de vista ético das escolhas, poderia se considerar uma interrupção de uma vida humana em formação e não o assassinato de um ser humano, como muitos querem.


E depois do 5º mês? Não acompanho a fundo os argumentos pró-aborto, mas penso que ainda assim um defensor do ato o inscreveria no rol das escolhas de cada indivíduo. Nunca cheguei a concordar com tal aspecto, mas também não discordava. Até escutar o coração de um ser com 2 cm de "altura". Você pode até escolher interromper uma vida pulsante em seu ser. Mas o quanto refletiu sobre ela? O quanto pensou no que poderia ter feito para que as coisas não chegassem a tal patamar?


A partir de ontem passei a refletir: uma mulher de 02 ou 03 meses de gravidez que aborta por livre escolha pode não estar tirando uma vida humana em sua totalidade biológica, mas estará arrancando de si um milagre – que nada tem a ver aqui com o divino –, uma vida num sentido que descrevo como magia da natureza. Não é simplesmente uma emaranhado de carne e fluidos saindo, resultado de uma relação equivocada em busca do prazer.


É preciso muita convicção e uma reflexão interior profunda para se tomar tal atitude. Abortar um ser em desenvolvimento é abrir mão de uma parte valiosa de nossas vidas. Eu diria até uma extensão única de nossas vidas. O ser humano necessita compreender mais o valor das suas ações. Para tanto, deveria imaginar as conseqüências surgidas delas.


Um bebê não pode ser encarado como um empecilho, e sim como um incentivo para o enfrentamento das adversidades. Não estar preparado para elas, é não está preparado para o mundo.



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