terça-feira, 18 de março de 2008

A Globo e os protestantes

Na última semana a Globo entrou em mais uma polêmica, por meio de sua novela "Duas Caras". Nesta foi apresentado um grupo de protestantes fanáticos moradores da tal "Favela Portelinha" que, não aceitando o triângulo amoroso entre um gay, uma ex-garota de programa e um outro rapaz, partem para executar a justiça divina com as próprias mãos, liderados por uma fiel histérica, de bíblia e faca na mão.
 
No capítulo, a moça e principalmente os dois rapazes entraram no cacete. A primeira tomou uma pedrada na cabeça, porém fugiu. Já os dois rapazes quase foram triturados pela turba de fanáticos, sob o olhar quase extático da maluca fanática. Claro, foi o suficiente para os evangélicos protestarem contra. E com razão.
 
Pois é, mesmo eu que tenho tantas críticas à religião, me vejo no dever de dar razão aos protestantes. O autor da novela perdeu uma oportunidade de ouro para mostrar um olhar crítico construtivo acerca da questão do fanatismo religioso e o seu tosco preconceito.
 
Ora, quanto a intolerância de algumas pobres almas religiosas, principalmente entre os evangélicos mais radicais, não existem dúvidas. Sua fraqueza espiritual aliada ao discurso de eterna salvação de alguns líderes carismáticos, não poderia dar em outra coisa que não o preconceito para com os divergentes de suas idéias.
 
No entanto, se há algo do qual não podemos acusar os protestantes aqui no Brasil é de violência física contra os "energúmenos" – os possuídos por "encostos", nós, os céticos, os agnósticos, os pecadores; enfim, todos que destoam de sua visão de mundo. Particularmente, não me lembro do método de agressão física – aqui no Brasil, claro – por parte dos protestantes para impor sua fé.
 
E a Globo prefere qual caminho? O do sensacionalismo, demonstrando os protestantes como insanos religiosos, adeptos da violência como forma de libertação das almas dos infiéis, proporcionando uma "Noite de São Bartolomeu" à sua forma.
 
"Duas Caras" já nasceu polêmica, devido a sua proposta de abordagem ao racismo no Brasil. Apesar de ser realmente um tanto batido o modelo, ainda assim fui contra as críticas gratuitas de certos "iluminados" politicamente corretos, por consideradas pouco fundamentadas. Contudo, dessa vez o autor errou horrendamente. Pintou um quadro preconceituoso de um grupo para tentar mostrar indignação contra outro preconceito.
 
De minha parte, como já falei aos montes, ficaria muito orgulhoso se este país um dia tiver um povo mais preocupado em gastar suas energias físicas e intelectuais com outras atividades que não seja a de assistir novela. Uma talvez seria o suficiente.


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