terça-feira, 23 de setembro de 2008

A crise e os ideólogos

Não tenho pretensão alguma de traçar "análises" sobre a crise econômica mundial reinante nos dias de hoje. Para isso já temos os especialistas – diga-se de passagem muitos estão aturdidos e também não sabem que pitaco dar no momento.

 

Interessante para mim, mesmo, que acompanho na medida do possível quem supostamente domina o assunto, é ver como o caráter ideológico reina nas opiniões e estudos de muita gente "entendida". Basicamente, existem dois grupos a expor suas análises. Um pró-mercado e outro pró-Estado.

 

O primeiro divide-se, do meu ponto de vista, entre os liberais radicais e os pragmáticos. Para os radicais, ainda que seja a crise financeira crônica, o Estado não deve lá meter seu bico para supostamente salvar o mercado mundial. A malucada crê numa saída para o problema vindo do próprio interior "mercadista".

 

Já os liberais pragmáticos, mesmo não sendo favoráveis à intervenção estatal na roda-vida das relações econômicas, entendem ser, sim, obrigação do Estado organizar a bagunça dos financistas, haja vista suas conseqüências irem muito além de simples quebra dos investidores; a sociedade sofreria muito com os efeitos. Claro, uma medida paliativa. Quando as coisas fossem organizadas, o Estado tiraria suas patas das relações econômicas e deixariam de novo sob as patas da tigrada investidora e, não raro, tresloucada.

 

Igualmente, existe uma certa divisão entre os pró-Estado. Uns crêem que essa experiência, mais uma vez, reforça a tese da necessidade do Estado em regulamentar a economia, não deixando-a ao sabor das relações nem sempre bem intencionados dos "mercadistas". Entendo-os como keynesianos  Outros, estilo apocalíptico, esfregam as mãos e já começam a contagem para o fim do capitalismo – mais uma vez...

 

Essa ação ideológica esta refletida escancaradamente mesmo nas revistas semanais sobre o assunto – em todo mundo. Aqui no Brasil, dois exemplos interessantes vêm de Veja e Carta Capital desta semana, a primeira dentro do quadro liberal pragmático e a segunda  no quadro keynesiano. Veja ataca com uma capa onde tio Sam aponta para o incauto leitor e diz ser o seu salvador. Carta prefere a imagem das torres gêmeas explodindo – alusão ao 11 de setembro de 2001 – e anunciando o "15 de setembro", ou seja, o fim de mais uma era na economia.

 

Importante nisso tudo é estar preparado para lidar com as preferências que permeiam as opiniões nesse momento. Quem embarca sem buscar a compreensão macro dos acontecimentos, corre o risco de apenas servir para aumentar o rebanho ideológico que se alastra em tempos de crise. É preciso bom senso.



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