sexta-feira, 23 de maio de 2008

Constrangimento Divino

A cada dia me mantenho mais cético ao caráter divino emanado das religiões. Motivos não faltam.
 
Ontem, "viajando" pelos canais da tv, me deparo com o tal bispo, pastor, sei lá o que e nem me importa, R.R. Soares. Uma vez mais oferecia um exemplo do embuste em nome do senhor por parte de lideranças religiosas. Tratava-se de um evento ao vivo, uma daquelas "concentrações de fé" realizadas em vias públicas e que recebem um mar de gente – honesta, de boa-fé e incauta.
 
Pois bem. Parei por alguns minutos e observava mais uma das técnicas caras a esses ditos "homens de Deus"(sic). O R.R. Soares gritava ao ouvido de uma criança: "Fale um". E a pobre menina de 08, 09 anos talvez, olhava assustada para o insano pastor à procura de um milagre – mesmo se fosse aos berros.
 
E continuava o religioso, com o aparelho auditivo da menina na mão, gritando para que ela falasse dois, três. Às vezes ele olhava com riso nervoso para a multidão e dizia que vez ou outra precisa de até dez minutos para "fazer" alguém com deficiência auditiva falar. Volta-se para a pobre criança e insistia fale isso, fale aquilo. A menina balbuciava um som e o alucinado olhava para a platéia e explicava o porquê de ela não falar corretamente as palavras por ele solicitadas.
 
Após algumas tentativas, já com a expressão nervosa e tensa, a menina solta sons próximos às palavras exigidas pelo religioso. Foi o suficiente para ele respirar aliviado e dar glórias; seu milagre tinha sido alcançado após berros. Mesmo com a criança chorando claramente devido ao constrangimento de  ser obrigada a fazer algo que requer tempo e tratamento diante de uma multidão, R.R. Soares dizia ser de emoção...
 
Se quiser um exemplo de canalha religioso, talvez esse indivíduo não sirva. Ele ultrapassa as acepções do termo. Volta e meia deparo-me com alguma velhacaria desse cidadão. Certa oportunidade ele respondia a uma pessoa que indagou se seria lícito dar dízimo com dinheiro ganho em jogos de azar, tido como proibido pela denominação de Soares. O cara-de-pau disse que não: você não poderia incorrer ao pecado duas vezes.
 
Ou seja: se algum fiel do Soares cair em tentação e roubar um banco deve oferecer o dízimo mesmo com dinheiro ilícito. No final das contas, estava tudo perdoado. E o pastor de bolso cheio.
 
É demais para mim.


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