quarta-feira, 10 de junho de 2009

Petrobras e a guerra ideológica

Quem está minimamente ligado nos assuntos políticos em pauta sabe: o mais novo capítulo de confrontos político-ideológicos envolve a Petrobras. Tudo começa com o pedido de uma CPI por parte da oposição após investigação da Polícia Federal e a descoberta de indícios de supostas irregularidades. Como em política nada é simples – ou se é torna-se complicado por ser mais conveniente, se é que me faço entender –, o governo não recebeu nada bem a ideia e tentou bloqueá-la. Não conseguiu. Logo lançou mão de seus tentáculos para acusar de politiqueira e entreguista a manobra da oposição. Tem certa razão quanto ao caráter político da CPI. Não raro isso ocorre. Contudo, é curioso ver como o desejo por esse instrumento de investigação já fez parte do imaginário petista.


O negócio é que, ao ser instalada a CPI da Petrobras, começaram a pipocar manifestações contra, por supostos movimentos da tal sociedade civil organizada. Acusam o PSDB e o DEM de quererem mesmo é privatizar a empresa. A coisa tomou um rumo tão politizado que a Petrobras criou seu próprio blog para supostamente expor a vida como ela é, demonstrando que a imprensa também está mais interessada em conspurcar a imagem da empresa do que necessariamente trabalhar pela transparência.


Foi o bastante para que os supostos arautos da liberdade de imprensa acusassem a Petrobras de querer é calar a imprensa!


Existem muitos interesses por trás tanto de uma posição como a de outra. O governo que não é bobo, volta a jogar pesado com a oposição, quando esta resolve mexer em algo que se quer sagrado para o imaginário popular: uma empresa nacional e bem sucedida. Mesmo sabendo da quase impossibilidade de privatizar uma empresa como a Petrobras, organiza o jogo de forma a ocultar o importante na questão: se existe ou não irregularidades no comando da empresa. Por mais que governistas digam não haver algo para temer, no fundo sabem o quanto as coisas podem revelar-se de outra forma.


De minha parte, se existem indícios encontrados pela Polícia Federal capazes de levantar suspeitas sobre a gestão da Petrobras, quero mais é que sejam investigados. Não importa se começaram do governo FHC, de Itamar ou Lula.


Quanto a certo escândalo de setores da imprensa referente ao fato da Petrobras revelar antecipadamente o conteúdo das perguntas enviadas pelos jornalistas, vejo como desnecessário. Essa história de sigilo da fonte está mal colocada, pois se a fonte não deseja manter-se em sigilo trata-se de uma escolha pessoal. Principalmente quando a fonte é conhecida por todos, como no caso da Petrobras. Argumentar por aí é um tanto delirante. Plausível é o arrazoado em torno da pauta de cada órgão. Creio que aí seria o caso de um entendimento. Os jornalistas colocam suas questões, são respondidas e a empresa expõe sua resposta na íntegra logo após a publicação da matéria. Assim não tem chororô.


A bem do que interessa mesmo, certa parcela da imprensa acredita poder fazer as coisas como lhe convêm. Não dá para comprar a ideia de uma imprensa casta, sem interesses e incapaz de manipular informação, independente do


Nesse fogo intenso de mais uma guerra ideológica, quem deve tomar cuidado mesmo é o cidadão comum. Ele acaba sendo o alvo em meio a esse combate. Como já disse uma cantora em tempos tropicalistas, “é preciso estar atento e forte”.

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