sábado, 20 de junho de 2009

Greves e equívocos

Tenho acompanhado algumas notícias sobre a tal greve na USP e seus desdobramentos. Com a chegada da polícia à Universidade, via ordem da justiça, os ânimos se exaltaram para além dos limites do Campus, chegando ao universo virtual. Temos gente de esquerda apoiando a ação policial, apesar dos excessos, como o renomado jurista Dalmo Dallari. Claro, direitistas também. Mas nesse caso, muitos quase tendo orgasmos via cassetetes policiais no lombo dos agitadores “democráticos” autoritários.

Como não poderia deixar de ser, tem os esquerdistas, atolados no lodaçal de desejos primitivos e ideais idem, que defendem com unhas e dentes – e pouco intelecto, quando nenhum mesmo – a ação dos grevistas. Esses soltam coisas do naipe das palavras ditas pelo decano intelectual Antônio Cândido: “Atuem, exagerem, sejam justos e injustos. Aproximem a faculdade da realidade social. Essa é uma luta constante, para transformar a sociedade”.

Aos 91 anos, homem de vastas cultura e erudição, mostra o quanto deletéria pode ser, não a ação do tempo, mas da ideologia. Demonstra não ter aprendido nada com as lições implacáveis da história.

Não obstante, o que acabou realmente me motivando a escrever sobre a USP e os agitadores foram comentários net afora. Como tem mente necrosada por ideologias nesse mundo. O processo é espantoso. Passa de mestre para discípulo com uma facilidade absurda. Outro dia, no site da Agência Carta Maior, um indignado leitor reclamava de outro devido a comentários críticos sobre um artigo daquele sítio.

Acusava seu opositor de ser mais um lacaio da sociedade dominante. Dizia que a polícia agrediu o verdadeiro patrimônio da USP – os estudantes, docentes e demais funcionários grevistas – ao invés de defendê-lo, conforme fora convocada judicialmente. Pura retórica ideológica e obtusa – para usar termo caro ao comentarista.

Afora uns poucos em meio a essa baderna transmutada em greve na USP, a maioria dos agitadores são escravos mentais de projetos com ao menos um século de atraso. Em meio às reivindicações, tem até "readmissão do diretor do sindicato Brandão". O tal Brandão é um daqueles membros de sindicato na forma mais retrógrada concebida. Seu delírio é tanto, que sonha com revoluções até armadas. Aí, se critico um tarado desses, sou reacionário. Se para ser considerado de esquerda é preciso estar ao lado dos Brandões da vida, então sou um direitaço...

O mais curioso disso tudo, para não dizer patético, é que quando confrontados por métodos de ação similares ao deles, os grevistas chamam o ato de fascismo. Leio no Terra Magazine a indignação dos sindicalistas para com um grupo que desejava invadir o Sindicato nos mesmos moldes dos grevistas. Surreal...

Definitivamente, a força institucionalizada para resolver conflitos que deveriam restringir-se à arena do debate de propostas, de ideias ou até político, é lamentável. Porém, mais desanimador é ver movimentos que deveriam ser o maior exemplo da busca por uma democracia mais ampla, chafurdar num lamaçal de ações autoritárias e diametralmente opostas àquilo que julgam defender.

Já disse infinitas vezes: a esquerda precisa entrar no século XXI. Ainda está lá pela metade do XIX...


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