quinta-feira, 27 de março de 2008

Quem é você?

Às vezes é preciso fazer tal indagação a si mesmo. Pessoas, coisas, sistemas, todos vivem a lhe indagar algo. Sinceramente, não sei como não enlouquecemos.
 
Todo dia é: senha para acessar o sistema no trabalho, senha para acessar o programa do sistema no trabalho, senha para acessar o correio eletrônico, senha para acessar comunidades na internet, senha para acessar a fatura do cartão de crédito, o número do cartão de crédito, o número do RG, o número do CPF, o número da residência, o número do telefone da residência, senha para ser atendido no banco, senha para ser atendido nos correios, senhas, números, senhas, números...
 
É necessário estar atento para não perder a si mesmo de vista.
 


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E o Brasil “come” mosquito

Mais uma vez o mosquito da dengue – o infausto Aedes aegypti – é o ator principal de um filme macabro, onde vidas ceifadas não retornam como na ficção. No Rio de Janeiro as vítimas fatais já ultrapassam o número de 50. Por aqui, no ES, responsáveis pelos postos de saúde alertam para a incapacidade em atender à demanda de vítimas da dengue e de casos suspeitos.
 
Há anos a dengue é um fantasma mais que concreto a atormentar a sociedade e os governos em suas mais variadas instâncias. Hoje acusam as autoridades por mais um ato de incompetência para lidar com o caso – algo nada novo. Longe de querer atenuar a incapacidade de ação dos governantes, mas não posso deixar de chamar a atenção para a falta de compromisso de muitos cidadãos no combate ao infame mosquito.
 
Todo ano sabemos do risco da epidemia da doença. Mesmo com a prevenção das prefeituras – pelo menos aqui na região onde moro, ela existe, ainda que com alguma dificuldade –, é dever de cada indivíduo zelar pelo não surgimento de focos do mosquito transmissor da dengue. No entanto, isso parece não acontecer em diversos momentos.
 
Ainda que grande parte da sociedade contribua, número significativo de pessoas demonstra não importa-se com os cuidados básicos no combate à dengue. Logo, quando a doença dissemina-se, não adianta atacar apenas o governo. No Brasil é difícil o indivíduo dissociar-se do Estado; este é sempre visto como seu tutor. Muitos não parecem dispostos a assumir responsabilidades.      


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sábado, 22 de março de 2008

Chuchu com pimenta

As eleições para prefeito em São Paulo estão agitadas. Geraldo Alckmin, o famoso Chuchu, anda tumultuando – sua especialidade – as relações tanto dentro do PSDB como com o DEM. Tudo por conta de seu interesse em disputar o pleito pelo comando da capital paulista.
Preferido nas pesquisas, Alckmin acha um acinte ter que abrir mão de sua candidatura em prol de um apoio do PSDB ao atual prefeito paulista Gilberto Kassab, do DEM. Idéia esta defendida por Serra e parte dos tucanos – vereadores tucanos de SP manifestaram-se a favor na última semana. Há poucos dias, Alckmin disse ser contrário ao apoio tucano para demos, haja vista estar em primeiro na preferência dos eleitores e Kassab em terceiro, atrás de Marta Suplicy. Tudo muito bem, tudo muito bom, se não fosse um "senão".
Nas eleições para presidente de 2006, o "Chuchu" se considerava pré-candidato pelo PSDB mesmo estando atrás nas pesquisas. José Serra, seu concorrente entre os tucanos, tinha mais da metade da preferência dos eleitores ante o Chuchu e posicionava-se em vantagem a Lula nas pesquisas. E o que fez Alckmin? Perturbou tanto com idéia de prévias, dividindo os tucanos, até que Serra entendeu por bem abrir mão da candidatura e foi disputar o cargo de governador de SP – descumprindo a promessa feita 02 anos antes em campanha para prefeito da capital paulista, de que se eleito, iria até o fim de seu mandato.
Agora o insosso Geraldo vem com uma argumentação tão consistente quanto sorvete no asfalto em dias de verão implacável. Existe um adágio popular do tipo "o que fulano diz não se escreve". Indica que o sujeito é um contador de lorotas e fala algo que não deve ser considerado. Não é o caso de nossos políticos. Tudo o que sai da boca dessa raça deve ser escrito, gravado, registrado em cartório se preciso for. Contribui para entendermos a essência do tipo de política feita no Brasil.



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terça-feira, 18 de março de 2008

Reinaldo Azevedo reclama de Lula e sua “política” exterior e se esquece de Bush

Apesar de tacharem o jornalista Reinaldo Azevedo de "bloqueiro do esgoto" – coisas da esquerda doidivanas –, aprecio seu estilo contundente no debate de idéias. No entanto, não raro deixa aflorar seu lado militante de "liberal em conservas", o que às vezes torna seu discurso um tanto contraditório – como acontece com todo espírito militante.
 
Em seu blog, hoje, pôs-se a praticar o seu esporte preferido: críticas ao governo Lula. Tratava da posição tépida do ministro Celso Amorim no caso "Equador-FARC-Colômbia-Venezuela". Até aí tudo bem: o governo sempre se mostra leniente com seus parceiros esquerdistas, mesmo que aprontem como as FARC. O problema da crítica de Azevedo dá-se quando enumera os burros n'água da política externa do governo Lula.
 
Cita vários exemplos que evidenciam a patetice do governo em momentos como a indicação de um brasileiro à presidência do BID ou na busca paranóica por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Contudo, Reinaldo mostra como o apego conservador pode ser tão deletério às opiniões quanto o amor religioso de um esquerdista à causa. O jornalista reclama pelo fato de Lula ter feito parte da tal cúpula que reunia América do Sul e países árabes. O presidente brasileiro fez muito mal ao dialogar com os ditadores das arábias...
 
Pô, sinceramente não dá para entender qual é a de Reinaldo. Defende a estrovenga da política de Bush e sua "cruzada democrática". Ora, eu é que não vou chorar a queda de Saddam – incensado por conservadores dos EUA quando foi interessante. Mas daí seguir o engodo "brushiano" de que o seu propósito é a democracia e liberdade do mundo, jamais! Esse mesmo Bush maluco, falso defensor da liberdade, é leniente com líderes autoritários do Paquistão, da Arábia Saudita e China, por exemplo.
 
É preciso coerência. Do contrário a crítica transforma-se em mero discurso militante.


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A Globo e os protestantes

Na última semana a Globo entrou em mais uma polêmica, por meio de sua novela "Duas Caras". Nesta foi apresentado um grupo de protestantes fanáticos moradores da tal "Favela Portelinha" que, não aceitando o triângulo amoroso entre um gay, uma ex-garota de programa e um outro rapaz, partem para executar a justiça divina com as próprias mãos, liderados por uma fiel histérica, de bíblia e faca na mão.
 
No capítulo, a moça e principalmente os dois rapazes entraram no cacete. A primeira tomou uma pedrada na cabeça, porém fugiu. Já os dois rapazes quase foram triturados pela turba de fanáticos, sob o olhar quase extático da maluca fanática. Claro, foi o suficiente para os evangélicos protestarem contra. E com razão.
 
Pois é, mesmo eu que tenho tantas críticas à religião, me vejo no dever de dar razão aos protestantes. O autor da novela perdeu uma oportunidade de ouro para mostrar um olhar crítico construtivo acerca da questão do fanatismo religioso e o seu tosco preconceito.
 
Ora, quanto a intolerância de algumas pobres almas religiosas, principalmente entre os evangélicos mais radicais, não existem dúvidas. Sua fraqueza espiritual aliada ao discurso de eterna salvação de alguns líderes carismáticos, não poderia dar em outra coisa que não o preconceito para com os divergentes de suas idéias.
 
No entanto, se há algo do qual não podemos acusar os protestantes aqui no Brasil é de violência física contra os "energúmenos" – os possuídos por "encostos", nós, os céticos, os agnósticos, os pecadores; enfim, todos que destoam de sua visão de mundo. Particularmente, não me lembro do método de agressão física – aqui no Brasil, claro – por parte dos protestantes para impor sua fé.
 
E a Globo prefere qual caminho? O do sensacionalismo, demonstrando os protestantes como insanos religiosos, adeptos da violência como forma de libertação das almas dos infiéis, proporcionando uma "Noite de São Bartolomeu" à sua forma.
 
"Duas Caras" já nasceu polêmica, devido a sua proposta de abordagem ao racismo no Brasil. Apesar de ser realmente um tanto batido o modelo, ainda assim fui contra as críticas gratuitas de certos "iluminados" politicamente corretos, por consideradas pouco fundamentadas. Contudo, dessa vez o autor errou horrendamente. Pintou um quadro preconceituoso de um grupo para tentar mostrar indignação contra outro preconceito.
 
De minha parte, como já falei aos montes, ficaria muito orgulhoso se este país um dia tiver um povo mais preocupado em gastar suas energias físicas e intelectuais com outras atividades que não seja a de assistir novela. Uma talvez seria o suficiente.


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O mundo de “Ozlavo” de Carvalho

Olavo de Carvalho, o filósofo polêmico dos anos 90, há muito deixou de valer a pena de ser ouvido. Se outrora, mesmo criando celeumas com suas opiniões, ainda contribuía para desmistificar a esquerda, hoje mais parece um fanático adepto dos comentários mais absurdos e de piadas toscas. Virou uma caricatura de si mesmo.
 
Em seu programa semanal de rádio via internet, o "True Outspeak", fala pelos cotovelos. Hoje, após o esculacho diário à esquerda, resolveu atacar o reverendo Jeremiah Wright, da igreja de Barack Obama, um dos presidenciáveis do partido democrata norte-americano. O motivo foi um vídeo do you tube onde o tal líder religioso aplica o método de Olavo: fala mal da sociedade americana e seu preconceito racial, além de depreciar a adversária de partido de Obama, Hillary Clinton. Foi a deixa para Olavo de Carvalho chamar o religioso de radical esquerdista e "africanista".
 
Olavo é um cara que estudou muito, mas consegue proporcionar momentos dignos de um colegial metido a esperto entre os colegas. Ele já cansou de esculachar a África devido aos movimentos sociais negros. Hoje me sai com a pérola de que nunca foi conhecedor da história africana e reconheceu que lá pode ter sido uma grande civilização no passado.
 
Segundo o grande raciocínio olaviano, os africanos só não morreram devido aos "cuidados" dos ingleses. Reduz a escravidão na África à culpa dos árabes e mulçumanos; portugueses só foram lá para dar a sua grande lição de civilidade ocidental comprando os nativos aprisionados por seus próprios conterrâneos. Em resumo: os bons mocinhos brancos europeus fizeram um grande favor aos escravos negros comprando-os e submetendo-os.
 
Para coroar o festival de bobagens, um ouvinte de "Ozlavo" liga e faz propaganda religiosa em nome do reverendo Caio Fábio, um daqueles pastores mega stars, que nos anos 90 foi pego em adultério com sua própria secretária e hoje posa com visual de Cristo e faz acusações de seus desafetos na internet.
 
O programa de Olavo, além de servir de humorístico-intelectual-da-boca-suja, também está se tornando "religioso".       


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terça-feira, 11 de março de 2008

“Onde os Fracos Não Têm Vez”. Simplesmente arrebatador

No último fim de semana assisti o filme “Onde os Fracos Não Têm Vez”, dirigido pelos badalados irmãos Joel e Ethan Coen. Até então tinha assistido somente “O Grande Lebowski”, uma comédia ácida e inteligente. Gostei muito deste, mas “Onde os Fracos...” é sublime. Na verdade não sei se a obra em si é estupenda ou a atuação do ator espanhol Javier Bardem é o que a faz tão grandiosa e merecedora dos prêmios no último Oscar.

A trama inicia-se num deserto do Texas e termina numa rua da cidade. O rastro de morte deixado por Anton Chigurh – personagem de Bardem – é o elo indelével que os une.

Anton é um assassino psicopata cumpridor de seu compromisso: reaver uma maleta com 2 milhões de dólares achada pelo caçador Llewelyn Moss – interpretado por Josh Brolin – em meio a cadáveres de traficantes e animais após um tiroteio insano. Moss percebe o quanto está tão encrencado como supostamente milionário ao retornar ao local das mortes e do dinheiro. Interessados diretos no negócio frustrado igualmente aparecem no local e o descobrem que lhes falta algo. É na seqüência que Anton parte atrás do responsável pelo sumiço da mala com o dinheiro e vai devastando seus obstáculos.

O assassino é imperturbável – mesmo com seu penteado chanel. Sua face vincada, seu olhar impenetrável e uma vontade insana de fazer cumprir suas regras. Anton, todo – ou quase – de negro tal qual a morte, é um homem que decide, quando acha conveniente, quem deve viver com uma simples moeda. E isso em amplo sentido. Não gosta de sujar os sapatos – ou as meias – com o sangue de suas vítimas. Anton Chigurh é o anti-herói, o tirano que hipnotiza, causa fascinação. Tem seu lugar garantido na galeria dos grandes celerados ou niilistas do cinema, ao lado de Alex (Laranja Mecânica) e Tyler Durden (Clube da Luta), para ficar em dois exemplos que gosto muito.

Assisti “Onde os Fracos...” numa versão pirata. E como aconteceu com tropa de elite, desejo vê-lo no cinema. A obra é um tratado artístico sobre a violência.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Fim de férias, fim do trabalho?

Acabo de retornar ao trabalho após um mês de férias. No entanto, talvez não continue trabalhando. Algumas mudanças na estrutura - leia-se mudar para permanecer como está - da Subsecretaria a qual estou subordinado estão sendo efetivadas e cabeças começaram a rolar. Conforme as transformações tomam forma, percebo o quanto a minha cabeça também está próxima da velha guilhotina política.
 
Nada resta a fazer. Talvez seja mesmo o momento de fechar esse meu ciclo profissional e iniciar outro. Dou de ombros no final das contas. Relacionamentos sempre têm um fim. E o profissional não poderia ser diferente.


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terça-feira, 4 de março de 2008

América do Sul em ebulição

As coisas do lado de cá estão agitadas. Forças armadas da Colômbia adentraram em território equatoriano para eliminar membros do movimento guerrilheiro terrorista Farc – entre eles, o comandante Raul Reyes. Rafael Correa, presidente do Equador, naturalmente não gostou, haja vista estar supostamente negociando com os guerrilheiros a liberdade da colombiana Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia e seqüestrada desde 2002, além de outros reféns.

O presidente equatoriano considerou uma afronta à soberania de seu país o ataque colombiano e rompeu relações com a Colômbia. Segundo ele, com a morte dos guerrilheiros terroristas, as negociações pela liberdade dos reféns voltam a ser obstaculizadas. Como era de se esperar, Chávez já aproveitou o momento para encenar mais um de seus atos histriônicos: movimentou tropas do exército venezuelano para as fronteiras com a Colômbia e prometeu chumbo caso algo semelhante ocorre em seu território.

Também previsível foi a reação de alguns meios de informação brasileiros, principalmente os da internet e os alternativos. Quem comunga da idéia das Farc como grupo terrorista, aplaudiu a ação do exército de Álvaro Uribe, presidente da Colômbia. ReinaldoAzevedo, em seu blog, foi um dos que praticamente soltaram fogos pelo ataque colombiano. Já no site do Fazendo Media, estão quase de luto. No entanto são vários os pontos a considerar.

Realmente é questionável a Colômbia entrar no Equador e bombardear terroristas de guerrilha. Porém não se pode esquecer que são estes os mesmos que espalham o terror no território equatoriano há décadas em nome de uma suposta causa. Matam, roubam e seqüestram – e tem muita gente esclarecida por aqui que vê isto com bons olhos. Outro ponto interessante é essa disposição de presidentes de outros países como o Equador e a Venezuela em mediar negociações com as Farc.

Coincidentemente Correa e Chávez são esquerdistas e têm, no mínimo, alguma ligação com o Foro de São Paulo, que agrega forças da esquerdas latina. E as Farc são uma delas. Qual seria a intensidade da relação entre os estas e os citados presidentes?

Segundo anunciado pelas autoridades colombianas, foram encontradas provas de ligações íntimas entre as Farc e Hugo Chávez. Mais precisamente, de ordem financeira.

Muito tem a ser esclarecido. O caso não pode ser centrado unicamente na suposta agressão colombiana ao território equatoriano. É preciso deixar às claras até onde vai essa relação das Farc com Chávez, Correa e outras personalidades e instituições esquerdistas latinas – como o PT...

O guerreiro Anderson Silva

Lá estava ele no centro do ringue do maior evento de vale-tudo atualmente. Uma vez mais defenderia o seu título de campeão dos médios. E nessa oportunidade o desafiante era uma das lendas do mundo das lutas. Uma vez mais ele venceria. Uma vez mais não esperaria o final da luta. Uma vez mais retornaria ao seu país praticamente no anonimato.

Escrevo sobre o lutador de vale-tudo brasileiro Anderson Silva. No último fim de semana, ele esteve nos EUA para fazer mais uma defesa de seu título contra o norte-americano Dan Henderson, ex-campeão do extinto – e grandioso – evento japonês Pride. E o embate aconteceu no UFC.

Para os brasileiros que não acompanham esse tipo de esporte, a madrugada de domingo foi como uma outra qualquer. Dormiram, beberam sem preocupação alguma. Porém, para nós que acompanhamos as performances dos lutadores de vale-tudo, foi uma madrugada de alguma apreensão. Afinal, Anderson Silva iria lutar com um dos maiores lutadores da modalidade. Dan Henderson, seu adversário, ficou famoso por encarar e vencer adversários mais pesados. Apesar de lutar na categoria até 84 kg, sempre aventurou-se na de até 93 kg e mesmo na acima desta. Nunca foi adversário fácil para ninguém.

Nos últimos dois anos venceu gente como Vitor Belfort e Wanderlei Silva – este, por nocaute. Em seu combate anterior, perdeu por pontos para Quinton Jackson, campeão do UFC na divisão até 93 kg. Definitivamente era um oponente perigoso. Mas Anderson Silva não chegou ao posto de campeão e o mantém por acaso.

No primeiro round, a luta teve certo equilíbrio até a metade dos 5 minutos regulamentares, quando Henderson levou o brasileiro ao chão com sua técnica de wrestling. O norte-americano manteve-se por cima, mas não ofereceu perigo. Ao iniciar o segundo round, Anderson mostrou então porque era o dono da categoria. Trocou golpes com Dan, que acreditou poder mandar um de seus famosos socos “pombo sem asa” para cima do campeão. Não foi dessa vez.

Silva impôs seu eficiente jogo de muay thai deixando Henderson grogue com socos e joelhadas. O norte-americano ainda tentou derrubar o brasileiro com suas ótimas quedas de luta olímpica, mas acabou no chão com Anderson por cima. Ao tentar livrar-se, ofereceu as costas. E Silva aceitou, mostrando sua outra faceta: a de praticante de jiu jitsu. Efetivou-se na posição e após alguns socos, encaixou o tradicional golpe mata-leão. Restou ao norte-americano desistir.

Se não me trai a memória, Anderson lutou pela 6ª vez no UFC. Nunca deixou de definir seus combates por nocaute ou finalização. Era noite de festa para ele. Mais uma. Enquanto isso o Brasil dormia, bebia, transgredia...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Sai Fidel... Mas fica

A notícia dos último dias foi a “renúncia” do ditador-presidente de Cuba, Fidel Castro. Explicando seus motivos, Castro entregou o poder mencionando não ser um homem apegado a este. Depois de 49 anos governando o país com mão de ferro. Como se vê, cara-de-pau não é exclusividade de políticos brasileiros. A história mundial os demonstra aos montes...

O ato foi motivo de certa algaravia na imprensa. Concentrando-se apenas em âmbito nacional, basta ler as reportagens de capa das revistas semanais brasileiras Carta Capital, Veja e Época. Os enfoques dados ao eventos são matizados de tal forma que, caso o sujeito não esteja suficientemente familiarizado com a polêmica ideológica em torno da figura de Fidel Castro, vai ficar um tanto desorientado; ora o homem é demônio, ora é santo, ora nem uma coisa ou outra. Isso sem falar no que é encontrado na rede mundial...

Particularmente não gosto de ditadores. Não me importa o seu matiz ideológico ou se está a favor do povo (sic). Quem não suporta viver sob a égide da liberdade, a meu ver, é inimigo do ser humano. E Castro não foi um amante da liberdade. Se num primeiro instante livrou os cubanos dos grilhões de Fulgêncio Batista, tratou de acorrenta-los novamente por acreditar deter o remédio para os males da humanidade. Um dos muitos erros dos tiranos de qualquer espectro ideológico.

Muitos defendem Fidel, apelando a supostas conquistas sociais em Cuba. Tal ponto, se discutido sobriamente, pode ser contestável. Existem registros indicando que os números apresentados pelos revolucionários sobre o PIB, o analfabetismo, a saúde, etc, durante o regime de Batista não demonstram a realidade da época. Mesmo não sendo favorável à maioria cubana, os dados podem ter sido inflados negativamente para benefício da propaganda revolucionária.

Sempre que debato com amigos sobre a questão esclareço que não importa o quanto ditadores podem ter sido “bons” à sociedade; serão sempre um mal. Ademais, muitos deles se horripilam quando falam da ditadura brasileira. Bem, no Brasil, durante esta e outras ditaduras como a de Getúlio Vargas, o trabalhador brasileiro recebeu garantias das quais, hoje, não abrem mão.

O Varguismo ofereceu salário mínimo, CLT, carteira profissional, férias remuneradas – um certo engodo na iniciativa privada, diga-se de passagem –, entre outros benefícios. Militares produziram o “milagre” econômico – depois revelou-se mais uma miragem –, criaram o FGTS, incluíram trabalhadores rurais, empregadas domésticas e autônomos na previdência. Vale ler o livro “Cidadania no Brasil – o longo caminho”, de José Murilo de Carvalho que trata destes e outros assuntos na formação da sociedade brasileira.

Nenhum trabalhador assalariado, numa sociedade como a nossa principalmente, abriria mão desses benefícios. E nem por isso, quem tem a cabeça no lugar, tecerá loas aos ditadores responsáveis pela criação deles.

Por isso, vejo com bons olhos a saída de Fidel – ainda que sua sombra se faça presente e influente. Pode ser o prenúncio de novos dias para os cubanos. Para que sejam também melhores, os cidadãos de Cuba devem ter coragem de lutar por eles.
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